O fóssil melhor preservado já encontrado até agora é um dinossauro que andou pela Terra há 110 milhões de anos, na região de Alberta, no Canadá. O gigante que pesava 1.300 kg e media 5.5 m acabou morrendo em um rio e seu corpo ficou perfeitamente preservado na lama. Ele foi encontrado em 2011, quando máquinas pesadas escavavam a região em busca de areias betuminosas.
Em maio de 2017, o gigante vegetariano finalmente foi revelado para o público no museu Royal Tirrell (Canadá), e apenas agora, em agosto, ele recebeu um nome científico: Borealopelta markmitchelli. Este nome foi escolhido em homenagem ao técnico do museu, Mark Mitchell, que passou mais de 7 mil horas escavando o fóssil de sua tumba rochosa.
“Fiquei muito empolgado quando descobri o nome. Eu joguei as mãos para cima e comemorei”, relembra Mitchell.
“Esse nodossauro é verdadeiramente notável porque é completamente coberto por pele escamosa, mas ainda está preservado nas três dimensões, mantendo o formato original do animal”, diz Caleb Brown, representante do museu canadense. Ele explica que essa impressionante armadura ilustra a agressividade dos predadores que caçavam esse tipo de dinossauro. O herbívoro pode ser comparável com um tanque de guerra.
Brown afirma que o fóssil deve entrar para a história como o melhor preservado espécime de dinossauro. “O Mona Lisa dos dinossauros”, diz ele.
O nodossauro é parente próximo do Zuul crurivastato. A pesquisadora especializada na segunda espécie, Victória Arbour, comemora a ótimo estado do fóssil. “É ótimo ter espécimes como este e o Zuul para nos dar uma ideia de como esses dinossauros eram quando estavam vivos”.
Camuflagem especial
Outras novidades sobre o fóssil também foram publicados nesta primeira semana de agosto na revista Current Biology. Este novo trabalho confirma que o dinossauro representa um novo tipo de gene e espécie. Outra informação muito curiosa é relativa à coloração de sua pele, que ajudava muito na camuflagem.
Sua barriga era mais clara do que a parte de cima, que tinha uma cor marrom-avermelhada. Esse tipo de coloração é conhecida como countershading, um tipo comum de camuflagem visto em vários animais atualmente, incluindo pinguins e veados. As duas cores fazem que a presa pareça “achatada” de longe, fazendo com que os predadores tenham dificuldades em enxergá-la.
O co-autor do estudo, Jakob Vinther da Universidade de Bristol (Reino Unido), diz que nas costas do animal foram encontrados o pigmento feomelanina que dá a cor marrom-avermelhada, mas nenhum sinal deste pigmento foi encontrado na parte inferior do animal.
Encontrar esse tipo de camuflagem em um megaherbívoro ancião é surpreendente porque seu tamanho era muito maior do que os animais com countershading que conhecemos atualmente. Isso nos traz muitas informações sobre o tipo de predadores que existiam naquela época e sobre o relacionamento presa-predador. “O resumo é que o período Cretáceo era terrivelmente assustador”, diz Vinther.
Outros pesquisadores questionam camuflagem
Alison Moyer, pesquisadora da Universidade de Drexel (EUA), porém, questiona se essas duas cores realmente existiram neste espécime. “O espécime certamente é incrível, é uma descoberta paleontológica incrível. Mas o estudo que relaciona a pigmentação e coloração – e, consequentemente, conclusões sobre a relação entre predador-presa – tem algumas falhas”.
Para Moyer, o estudo não apresenta de forma convincente como a química do fóssil pode ter mudado com o passar do tempo, ou se esse filme mais escuro realmente é pele fossilizada ou se é uma camada de bactérias que cresceu sobre o dinossauro em decomposição.
Ela também aponta que a pele melhor preservada é a das costas do animal, então é possível que sua barriga também contivesse a pigmentação originalmente. “Há muitas possibilidades que não foram consideradas e que são mais sóbrias que a conclusão do countershading”, aponta a pesquisadora especialista em análise de tecidos de dinossauros.
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