Rastros fazem parte da mitologia da população há milhares de anos; para líder do estudo, achado não tem 'paralelo no mundo'.
Um povo aborígene levou cientistas a identificarem rastros gigantescos de dinossauros no litoral da Austrália.
Mais de 20 tipos diferentes de pegadas foram documentados em formações de arenito na região de Kimberley, no oeste do país - por causa do achado, a área está sendo chamada de "Jurassic Park" australiano.
Alguns rastros têm 1,5 metro e apontam o caminho trilhado pelos saurópodes, os dinossauros gigantes com rabo e pescoço longos.
As pegadas, muitas delas visíveis na maré baixa, "não têm paralelo no mundo", segundo o cientista que liderou o estudo, Steve Salisbury.
Professor da Universidade de Queensland, ele apelidou a coleção de 25 km de comprimento de rastros litorâneos de "Jurassic Park da Austrália".
"Este é o registro com a fauna mais diversa de dinossauros que já documentamos", disse o pesquisador à BBC.
"Não temos registro de fósseis dessa época (entre 127 milhões e 140 milhões de anos atrás) na Austrália, não há absolutamente nenhum fóssil em nenhuma outra parte do continente. Esta é a única janela, e o que vemos aqui é realmente incrível."
"Há 21 tipos diferentes [de pegadas]. Existem cerca de seis tipos diferentes de rastros de dinossauros carnívoros, em média o mesmo número para os dinossauros saurópodes, quatro tipos diferentes de ornitópodes - bípedes que se alimentam de plantas - e o que eu acho mais empolgante: seis tipos de dinossauros com armaduras ósseas, incluindo estegossauros, que nunca foram vistos antes na Austrália."
O pesquisador formou uma equipe composta por integrantes das universidades de Queensland e de James Cook, ambas na Austrália, para investigar as pegadas depois de um convite dos guardiões da região, a população australiana tradicional de Goolarabooloo.
Em 2008, o povo aborígene da região de Kimberley estava preocupado com a possibilidade de construção de uma instalação de gás natural líquido por ali. Como parte de sua campanha contra a construção, eles pediram a Salisbury para documentar as pegadas na praia.
Segundo os cientistas, os indígenas australianos falam há milhares de anos sobre as marcas nas praias em suas tradições de história oral.
"Elas fazem parte de um ciclo de músicas e estão relacionadas à mitologia de criação. As marcas mostram especificamente o caminho de um personagem relacionado à Gênese chamado Marala, o homem emu. Onde quer que fosse ele deixava essas marcas de três dedos, que nós agora reconhecemos como as pegadas de dinossauros carnívoros", explica Salisbury.
Cinco anos de trabalho
A equipe de pesquisadores passou mais de 400 horas, entre 2011 e 2016, descrevendo as pegadas.
Milhares de rastros foram documentados em 48 locais em Walmadany, na Península Dampier.
Os cientistas examinaram e mediram as depressões usando programas tridimensionais de imagem, que cria modelos precisos de objetos investigados ao tirar fotos deles sob vários ângulos.
Eles também usaram moldes de silicone em muitos deles para criar estruturas que possam ser expostas em museus.
A maior parte dos fósseis de dinossauros da Austrália está na parte leste do continente e datam de 115 e 90 milhões de anos.
A pesquisa foi publicada na edição 2016 da revista Memória da Sociedade de Paleontologia de Vertebrados.
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