Uma pequena rocha escura, com menos de 10 centímetros (cm), encontrada recentemente, está sendo apontada por uma equipe de geólogos da Suécia, como sendo um pedaço remanescente da maior colisão espacial que se tem notícia, responsável pela evolução da vida na Terra.
Conforme informações do periódico espanhol El País,
há 470 milhões de anos, um asteróide com cerca de 200 quilômetros de diâmetro colidiu contra outro corpo celeste, de menor tamanho, no cinturão de asteróides entre Marte e Júpiter. O impacto teria sido mil vezes maior do que o meteoro que dizimou os dinossauros, a centenas de milhões de anos atrás.
Ao contrário do evento ocorrido na era dos grandes répteis, que dizimou quase todos os seres vivos do planeta, a megacolisão no cinturão de asteróides, que literalmente bombardeou a Terra com escombros dos dois corpos celestes, é considerado um dos maiores episódios da diversificação biológica conhecida, responsável pelo surgimento de novas espécies nos oceanos. Cientistas avaliam que, se o evento não tivesse acontecido, provavelmente não estaríamos aqui.
Birger Schmitz, pesquisador da Universidade de Lund (Suécia), ressalta a relevância da pequena rocha espacial. "Estamos diante de um dos eventos mais importantes na história da evolução e a um passo crucial em nossa própria linha evolutiva”, avalia.
O acadêmico revela ter detectado a inédita rocha numa pedreira da Suécia, onde antes havia um oceano, no qual ele acredita ter caído muitos fragmentos de asteróides.
Embora Schmitz e sua equipe tenham recolhido mais de 100 fragmentos considerados de grande porte, essa é a primeira vez que eles se deparam com um pedaço do asteróide responsável por desencadear a vida no planeta.
Diferente de todos
Schmitz expôs os resultados da análise da rocha de 10cm, à revista Nature, publicação de segunda-feira (14), destacando que o diagnóstico indicou o fato de os isótopos de oxigênio e cromo evidenciarem que a composição da rocha é diferente dos 50 mil meteoritos conhecidos pela ciência.
“Este pode ser o primeiro fragmento documentado de um meteoro extinto, do tipo que nunca caiu na Terra, porque se trata de um corpo que foi destruído por colisões”, revela o artigo publicado na revista científica.
O pesquisador considera que o pequeno pedaço de rocha demonstra que os
corpos celestes que bombardeavam o nosso planeta há 500 milhões de anos tinham características diferentes dos identificados atualmente. Ele também frisa que, a partir da colisão dos dois astros, no cinturão de asteróides, a vida na Terra teve início.
“Antes da colisão dos dois asteróides, haviam poucas espécies de animais no fundo do mar”, fala, ao comentar que após o grande impacto, a diversificação começou. “Houve uma explosão de novos invertebrados, moluscos, peixes primitivos. Foi a maior diversidade biológica. Pela primeira vez foi alcançado um nível de biodiversidade semelhante ao atual”, explica.
Schmitz e sua equipe receberam dois milhões de euros do Conselho Europeu de Investigação para continuar procurando por mais evidências de corpos celestes na pedreira da Suécia.
Eles pretendem analisar cinco toneladas de sedimentos ao ano, com objetivo de reconstruir e procurar desvendar o que aconteceu há 500 milhões de anos no sistema solar; além de procurarem descobrir o motivo da mudança da composição química dessas rochas.
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