Os dinossauros dominaram a Terra há 200 milhões de anos, depois que enormes erupções vulcânicas eliminaram seus competidores, indicam novos estudos.
O desaparecimento de seus principais rivais na luta pela sobrevivência, os crurotarsi, da mesma família dos crocodilos, resultou de um importante aquecimento global, que por sua vez foi consequência de fortes atividades vulcânicas, explicou a geóloga Jessica Whiteside, pesquisadora da Universidade Brown (Rhode Island, leste dos EUA) e coautora de um estudo sobre o tema divulgado na última edição dos Anais da Academia de Ciências dos EUA (PNAS).
O trabalho não é o primeiro a estabelecer a relação causa-efeito, mas inova ao documentar pela primeira vez o vínculo entre o vulcanismo e a extinção em massa de uma espécie animal específica.
Os pesquisadores coletaram fósseis de vegetais e animais extintos - entre os quais os crurotarsi - e vestígios de carbono depositados na madeira antiga encontrada nos sedimentos de lagos misturados no basalto vulcânico.
Desta forma, conseguiram determinar que há 200 milhões de anos, o início da fragmentação do então único continente terrestre, denominado Pangea, entre as placas africana e norte-americana, provocou gigantescos rios de lava na superfície da Terra durante 600.000 anos.
Este fenômeno liberou "enormes emissões de dióxido de carbono", provocando o desaparecimento de metade das espécies vegetais e animais do planeta.
Mas o motivo pelo qual os dinossauros sobreviveram, se diversificaram e se agigantaram para reinar durante 160 milhões de anos, enquanto os crurotarsi desapareceram, continua "um mistério", observou Jessica Whiteside, em entrevista à AFP.
Há várias hipóteses, explicou a pesquisadora. "Uma das principais é que eram, de certa forma, fisiologicamente superiores", afirmou. Mas, "poderia se tratar simplesmente de sorte", acrescentou, admitindo que até agora "ninguém sabe" o real motivo.
"É uma questão muito complicada, muito similar à extinção em massa (após a queda de um meteorito na atual província mexicana de Yucatán) e o desaparecimento dos dinossauros que abriu o caminho para o reinado dos mamíferos", acrescentou Whiteside.
A teoria da superioridade fisiológica dos dinossauros foi questionada em um estudo publicado, em 2008, na revista americana Science.
Estes cientistas, entre eles Stephen Brusatte, da Universidade de Columbia, em Nova York, compararam a evolução dos dinossauros à dos crurotarsi, com modo de vida similar.
Analisando a característica dos esqueletos das duas espécies, estes paleontólogos concluíram que sua taxa de evolução era similar, estimando que os dinossauros não eram nada "superiores", mas teriam evoluído mais rapidamente.
Além disso, os autores deste estudo descobriram que os crurotarsi contavam com uma variedade de espécies maior e eram mais numerosos. Todas estas características fizeram com que os crurotarsi tivessem mais chances que os dinossauros para prosperar e dominar a Terra, segundo os autores do trabalho.
Segundo Brusatte, os crurotarsi simplesmente não tiveram sorte.
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