Um clima imprevisível, muitas vezes quente e seco, explica a ausência nos trópicos de grandes dinossauros herbívoros durante mais de 30 milhões de anos após sua aparição na Terra - de acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira (15).
Os pesquisadores foram capazes de reconstruir o clima naquela época a partir de isótopos de carbono e oxigênio extraídos de rochas nos rios do Novo México (sudeste dos Estados Unidos), em um lugar chamado Ghost Ranch, onde encontraram muitos fósseis de dinossauros.Durante anos, os paleontólogos avançaram em diferentes teorias para saber por que os dinossauros com pescoço longo, o Sauropodomorpha, evitaram por muito tempo os trópicos e eram numerosos em latitudes ao norte ou ao sul do Equador.
Estas rochas datam de um período situado entre 205 e 215 milhões de anos, o que corresponde ao final do Triássico, explica a pesquisa, publicada nos "Proceedings of the National Academy of Sciences" (PNAS).
Os dinossauros começaram a aparecer cerca de 230 milhões de anos atrás.
Seu desaparecimento brutal há 65 milhões de anos foi atribuído a diferentes teorias, a maisdesenvolvida se refere a uma mudança climática catastrófica na Terra após a queda de um grande meteorito.
Para esta pesquisa, os autores concluíram que o clima nos trópicos era muito instável, quente e seco, por isso havia altos níveis de dióxido de carbono (CO2), de quatro a seis vezes mais do que hoje.
Grandes incêndios
Havia períodos chuvosos por vários anos, seguidos de seca severa, causando incêndios que geraram grandes temperaturas no ar de até 600 graus, segundo o estudo.
Os cientistas foram capazes de determinar as temperaturas produzidas pelo fogo na análise de fósseis de carvão vegetal. Enquanto isso, o pólen fossilizado permitiu identificar variedades de plantas que existiam na região.
Este ambiente não era propício para uma vegetação abundante e permanente, incluindo os descendentes da era Jurássica como o Brachiosaurus, Diplodocus e o Brontosaurus.
"As condições meteorológicas na época eram semelhantes às áridas que hoje reinam no sudeste dos Estados Unidos, mas com vegetação perto de rios e florestas durante os períodos úmidos", afirmou Jessica Whiteside, paleontóloga Universidade de Southampton, Reino Unido, e um dos autores do estudo.
"Este clima, com flutuações tão extremas, assim como os grandes incêndios que ocorreram periodicamente permitiram que apenas um pequeno dinossauro bípede carnívoro sobrevivesse, como o Coelophysis", explicou Whiteside.
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