Pesquisadores americanos desmentem uma crença centenária envolvendo o Triceratops, uma das espécies de dinossauro mais conhecidas do público em geral.
John Scannella e Jack Horner, da Universidade Estadual de Montana, afirmam: o Triceratops nunca existiu. Ele é apenas a fase jovem de outra espécie, já conhecida, chamada Torosaurus.
Desde o início do século 19, cientistas acreditam que ambos pertencem a duas espécies diferentes; o motivo são as grandes diferenças morfológicas, encontradas especialmente no crânio.
O Triceratops possuía três chifres e uma “saia” no pescoço relativamente curta. Já o Torosaurus tinha esta parte do pescoço muito maior, com dois grandes buracos através dela.
O estudo de Scannella e Horner buscava reconstruir o ecossistema do período Cretáceo e, como parte da pesquisa, eles analisaram diversas de amostras de dinossauros. Mais de 50 exemplares de Triceratops, em diferentes estágios de desenvolvimento, tiveram seus crânios medidos. Os dos mais jovens tinham o tamanho de um bola de futebol. O dos mais adultos tinham o tamanho de um carro pequeno.
Curiosamente, ao analisar os Torosaurus os pesquisadores notaram que, não só seus corpos eram mais raros, como todos eram grandes e não havia nenhum filhote. Além disso, algumas análises mostraram que o crânio do Triceratops considerados adultos ainda estava passando pro mudanças.
Por três anos, os pesquisadores tentaram encontrar outra explicação, até que concordaram que, a única cabível para as descobertas, era a de que se tratava de estágios diferentes de uma única espécie. A confusão em classificá-los como duas espécies seria compreensível, uma vez que a versão infantil do dinossauro seria diferente da adulta, e seus crânios mudavam radicalmente conforme cresciam. Isso já foi observado em outras espécies (pachycephalosaurs, tyrannosaurs) que viveram na América do Norte.
Uma explicação para a pouca quantidade de ossos de Torosaurus encontrada seria a alta mortalidade dos animais mais jovens, sendo que poucos chegariam à fase adulta. A conclusão de que ambos são o mesmo dinossauro em diferentes estágios de crescimento foi publicada no Journal of Vertebrate Paleontology.
Na análise, os pesquisadores ressaltam a importância de se considerar as variações morfológicas dos animais para que os paleontólogos não superestimem a variedade de dinossauros.
Se confirmada, essa descoberta seria mais um ponto na discussão sobre a diversidade dos dinossauros no período Cretáceo e Mesozóico. Muitos pesquisadores defendem a ideia de que já havia muito menos espécies na Terra quando o asteróide que aniquilou de vez os dinossauros caiu, há 65 milhões de anos. Se houve realmente um declínio na diversidade, eles estariam mais vulneráveis quando o asteróide caiu.
Na imgem abaixo está o que acreditava-se ser o Triceratops, à esquerda, e sua nova "cara": o Torosaurus, à direita, seria o verdadeiro adulto.
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