Trailer mostra os belos dinossauros do Jurassic World Evolution

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Durante a Gamescom deste ano a Frontier Developments causou alguma surpresa ao anunciar que estava trabalhando na criação de um jogo da franquia Jurassic World. O que causou espanto em alguns foi o fato do jogo ser do tipo “gerenciamento de parque”, talvez por associarem a desenvolvedora apenas ao desenvolvimento do simulador espacial Elite Dangerous. Porém, além do estúdio britânico ter nos dados recentemente o excelente Planet Coaster, ele possui um bom histórico com o gênero, tendo criado o Thrillville, o Coaster Crazy e dois RollerCoaster Tycoon. Contudo, faltava eles darem maiores detalhes sobre o Jurassic World Evolution e durante um evento realizado no último final de semana isso finalmente aconteceu. Para começar, vamos falar um pouco sobre a mecânica do jogo. A primeira coisa que faremos ao iniciar uma partida será enviar pesquisadores para diversas partes do mundo com o intuito de escavar fósseis. Isso será fundamental para criarmos novos dinossauros através da

Paleoarte: a arte de ressuscitar dinossauros




Não custa lembrar: humanos não conviveram com dinossauros. Inexistem testemunhos de como eram, de fato, esses animais. A tarefa de tirar fotografias da pré-história cabe aos paleoartistas – ou paleontógrafos, como alguns preferem, tomando distância da subjetividade da arte.

Em desenhos, esculturas ou modelos digitais em 3D, eles representam as ideias paleontológicas sobre a anatomia, a aparência e os hábitos das espécies extintas, obedecendo rigorosamente ao conhecimento científico.

– É como montar um enorme quebra-cabeça, do qual a maior parte das peças se perdeu, e que não dispõe de nenhuma figura na tampa da caixa para servir de referência – compara o paulista Felipe Alves Elias, paleontógrafo de O Guia Completo dos Dinossauros do Brasil, de Luiz Eduardo Anelli, e com trabalhos publicados na revista Scientific American.

– É a interface perfeita entre ciência e público leigo. Paleontólogos já perceberam que, com representações cientificamente corretas e esteticamente belas, alcançam um raio maior na divulgação – aponta o mineiro Rodolfo Nogueira, vencedor em 2012 do 6º Concurso de Ilustraciones Científicas de Dinosaurios, em Burgos (Espanha), com seu Masiakasaurus knopfleri.

Como é a reconstituição:

1 - O trabalho começa com a análise dos fósseis, conversa com o paleontólogo e leitura de artigos para imaginar a aparência do dino.

2 - Os fragmentos fósseis são reunidos em uma forma lógica, e com cautela – eventuais distorções são produzidas naturalmente durante a fossilização.

3 - Reconstrução das partes que faltam. O gaúcho Staurikosaurus pricei, por exemplo, não teve seu crânio encontrado. Para dar forma à cabeça, Felipe tomou como referência um parente do dino, o Herrerasaurus, que viveu mais ou menos na mesma época, na Argentina. O esqueleto do dinossauro é comparado com o de espécies evolutivas mais próximas e de animais atuais, permitindo inferências sobre musculatura e volume. A coloração é um grande desafio, pois os pigmentos de escamas e penas não costumam ser preservados com os fósseis.

4 - É a restauração, a reprodução da provável aparência da espécie. É a hora de preencher os ossos com músculo e pele.

5 - E Ambientação. A espécie é introduzida em um cenário plausível, dando a ela atitude, comportamento, fazendo-a interagir com outro animal. Dinos grandes com patas firmes vão preferir áreas com solo resistente; grandes herbívoros somente podiam habitar áreas com vegetação abundante; animais com longos pescoços altos jamais poderiam viver no interior de florestas fechadas. Hoje se sabe, por exemplo, que estavam erradas as antigas representações do Tyrannosaurus rex, visto com o dorso levantando e arrastando sua cauda no solo. Estudos modernos indicam que esse predador mantinha o corpo em posição mais horizontal, com a cauda levantada.
– O Saturnalia – comenta o professor Brandalise – poderia ser quadrúpede a maior parte do tempo, por causa de sua estrutura geral e posição do centro de gravidade. Mas era leve o suficiente para usar a postura bípede, o que ofereceria vantagem ao fugir de predadores.

Fizemos três perguntas para Felipe Alves Elias, paleontógrafo, e Rodolfo Nogueira, paleoartista:

Qual é a maior dificuldade no trabalho de um paleoartista/paleontógrafo? 
Quais são as maiores ciladas e como contorná-las?

Felipe Alves Elias — O maior desafio é dar forma a algo que não existe mais, e que nenhum ser humano jamais viu. É como montar um enorme quebra-cabeça, do qual a maior parte das peças se perdeu, e que não dispõe de nenhuma figura na tampa da caixa para servir de referência. Do ponto de vista metodológico, o desafio é que ao lidar com fenômenos do passado é que não podemos explicá-los através da observação ou testando hipóteses a partir de experimentos práticos, como normalmente faríamos se estivéssemos lidando com coisas do presente.

A paleontologia (e consequentemente a prática da paleontografia), busca essa compreensão elaborando hipóteses que só podem ser testadas a partir das evidências "gravadas" nas rochas ou nos fósseis. As evidências, no entanto, quase nunca aparecem claramente nos registros. Elas costumam estar escondidas ou disfarçadas e precisam de um olhar bem treinado para revelá-las.

Rodolfo Nogueira — Imaginar como foi um animal do qual frequentemente só se encontrou um fragmento como um dente é permeado de pequenas ciladas e obstáculos. Nós ilustramos animais de que apenas conhecemos os ossos ou muito magrinhos, com cavidades extremamente marcadas, ou muito musculosos, mostrando todo o estudo anatômico que fizemos (risos). Outra cilada é representarmos um animal extinto usando como referencia a ilustração de outro paleoartista, dessa forma acabamos copiando características que já podem estar cientificamente desatualizadas.
O ideal é procurar pelos dados mais atuais sobre cada aspecto biológico dos animais ou plantas em questão e observar bastante os organismos que ainda vivem atualmente, como eles se comportam, como sãos seus esqueletos e aparência em vida. Posso destacar ainda a cobrança pelo acesso à algumas revistas científicas, o que dificulta o conhecimento de dados mais corretos e detalhes específicos pertinentes. E ainda o manejo de dinheiro público para divulgação científica, com escassez de editais coerentes. Quando comecei minha pesquisa e carreira ainda não havia muita noção da importância da divulgação científica por parte dos pesquisadores e instituições. Mas hoje, muito felizmente o cenário está mudando.

Como é o trabalho de recriação dos dinossauros e de seu ambiente?
Felipe Alves Elias — Na grande maioria dos casos o registro fóssil não favorece a preservação dos tecidos moles e mais delicados de um indivíduo, por isso raramente esse tipo de informação está diretamente acessível para os paleontógrafos. É comum recorrermos a uma comparação com espécies fósseis com registros de impressão de pele preservada, que nos fornece uma ideia aproximada daquilo que deveria ser a epiderme da espécie na qual estamos trabalhando.

A coloração é um dos aspectos mais difíceis de serem inferidos em uma restauração, pois os pigmentos não costumam ser preservados com os fósseis. Ainda que mais recentemente alguns paleontólogos estejam desenvolvendo técnicas para determinar as cores de algumas espécies a partir de amostras de penas e escamas excepcionalmente bem preservadas, na maior parte dos casos não temos esse tipo de evidência e precisamos trabalhar com inferências secundárias, determinadas a partir da comparação com espécies contemporâneas.

Rodolfo Nogueira — O processo de recriação do ambiente é muito semelhante ao processo de recriação do dinossauro em si. É possível inferir sobre características do ambiente que ele viveu baseando-se em dados de sua própria anatomia, por exemplo. Se o animal tinha as narinas e olhos situados no topo do crânio, pode ser um indício de vida aquática, se os membros são longos, pode ser um indicativo de que este animal caminhava bastante em terra. Através do estudo do sedimento do local que ele foi encontrado e a analise de fósseis de plantas, polens e outros animais achados no mesmo local ou período geológico também dão um panorama de como pode ter sido aquele local há milhões de anos. Depois se reconstrói digitalmente cada espécie de planta e animal que possa ter convivido com o dinossauro e por último junta-se tudo em uma composição adequada com interação de sombra, luz etc.

Você tem um dinossauro preferido?

Felipe Alves Elias — Desde garoto meu favorito é o Spinosaurus aegyptiacus, uma espécie que se tornou muito conhecida após ter sido retratada no filme Jurassic Park 3, de 2001. Apesar das discussões frequentes sobre o tamanho e ferocidade dessa espécie, por causa da forma como foi mostrado no filme, a realidade é que o Spinosaurus é um animal do qual sabemos ainda muito pouco. Cada nova descoberta, contudo, revela que foi uma criatura que provavelmente fugia muito aos padrões dos dinossauros mais típicos. Seu aspecto, hábitos e estilo de vida eram provavelmente muito peculiares. Eu me considero uma pessoa que também foge um pouco aos padrões, e talvez por isso me identifique muito com esse bicho.

Rodolfo Nogueira — Geralmente me apaixono por aquele animal que estou investigando e ilustrando no momento. Mas tenho um carinho especial pelo crocodiliforme Uberabasuchus terrificus, encontrado na região de Uberaba (MG), onde nasci e moro. Ele foi meu grande professor de paleoarte quando o escolhi para testar a metodologia. Outro animal pelo qual tenho carinho é oUberabatitan ribeiroi, o maior dinossauro descrito no Brasil. Era um saurópode (pescoçudo), também descoberto em Uberaba, e foi assunto do meu primeiro projeto profissional na paleoarte, há seis anos. Posso citar ainda o dinossauro Masiakasaurus que tive a oportunidade de ilustrar e foi escolhido como a melhor paleoarte do mundo em 2012 no IV Concurso de Ilustraciones Científicas de Dinosaurios, em Burgos, na Espanha. Concorreram 104 ilustrações de 10 países, e o corpo de jurados era composto pelos meus maiores ídolos.

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